Idosos vivem na miséria sem água e sem luz em Ribeira de Pena

Autarquia tem conhecimento da situação e tem tentado resolvê-la, no entanto acaba sempre por esbarrar na “teimosia” do proprietário, que não aceita as soluções que lhe foram propostas.

Um casal idoso vive no lugar da Pedreira, em Portela de Santa Eulália, concelho de Ribeira de Pena, em condições degradantes, numa “casa” sem telhas, sem água canalizada e sem luz elétrica.

Situada ao lado da estrada em direção à Senhora da Guia, a habitação não tem telhado, tem apenas uma placa, com blocos a segurar os toldes que deixam entrar água e as marcas são bem visíveis nas paredes e tetos húmidos das três divisões que compõem este “lar”.

Nos dias chuvosos, como aconteceu no final da semana passada, a água voltou a entrar pelas janelas e pela porta com grande facilidade, ficando depositada num dos quartos, que teve de ser limpo logo pela manhã por este casal.

Albano Mendes, de 78 anos, e Perpétua dos Prazeres Teixeira, de 77 anos, moram neste lugar há mais de 30 anos e dizem que gostariam de ter a casa com melhores condições, no entanto não têm como suportar as despesas com as obras.

“A minha reforma é muito pequena e a do meu marido também, não temos como pagar um telhado novo”, refere a mulher, adiantando que, aquando da campanha eleitoral, o atual presidente da câmara lhe prometeu “colocar um telhado novo”.

Recentemente, a estrada que passa ao lado da casa foi requalificada por uma empresa espanhola que está envolvida na construção da barragem de Daivões, que terá prometido ao casal uma habitação pré-fabricada, mas a autarquia teria de encontrar um terreno.

Segundo Albano Mendes, a autarquia não conseguiu arranjar o terreno, nem ele concordou com os sete mil euros que lhe davam pela casa. “É muito pouco, não chega para fazer nada”, refere o idoso, que diz ser feliz naquele local, apesar das “péssimas condições” em que se encontra a casa.

Habituados a viver com pouco, o aquecimento e a luz vêm da fogueira, que está acesa de manhã à noite. Com o medo de um incêndio, o casal usa lanternas a pilhas para conseguir ver alguma coisa quando a noite cai.

Não há espaço para arrumações e as paredes estão carregadas de humidade
O casal teve doze filhos, no entanto alguns faleceram, outras foram para o estrangeiro à procura de uma vida melhor. “Têm a vida deles e também não nos podem ajudar”, afirma Perpétua Teixeira, que não tem vizinhos por perto e convive apenas com o marido e dois cães que ficam a guardar a casa.

Esta situação é do conhecimento da autarquia, que nos últimos dois anos tem encetado esforços para dar um lar com dignidade a este casal, no entanto tem esbarrado na “teimosia” de Albano Mendes, que não aceita as condições que lhe são propostas pela câmara.

“Temos feito de tudo, mas à última da hora o senhor Albano nunca concorda com as nossas soluções”, sublinha José Lopes, da câmara de Ribeira de Pena, adiantando que a habitação foi construída de forma ilegal e era necessário proceder à sua demolição para alargar a estrada em direção à Sr.ª da Guia.

“Não podemos ir contra a vontade do casal, que não aceita nenhuma das alternativas que já lhe propusemos, nem se mostra interessado em sair de lá”.

Fonte: https://www.avozdetrasosmontes.pt

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